On pourrait penser que le pays
entier est en effervescence et que tout le monde est sur le pied de guerre,
attendant les 600 000 touristes étrangers censés débarquer pour assister
aux matchs dans les 12 stades construits ou rénovés à cet effet. Mais qu’en est-il
dans la réalité ?
Dans la réalité, vu d’ici, les choses sont bien différentes… Face à des sommes colossales d’argent englouties dans l’organisation du Mondial, la population brésilienne se révolte contre l’autre facette du pays, principalement la corruption et la mauvaise qualité des services publics. Dans le meilleur des cas, elle est peu excitée à l’approche des jeux.
A la maison, on a choisi notre camp... |
Le compteur géant de Belo Horizonte, Praça da Liberdade, la veille du lancement de la Coupe. |
Dans la réalité, vu d’ici, les choses sont bien différentes… Face à des sommes colossales d’argent englouties dans l’organisation du Mondial, la population brésilienne se révolte contre l’autre facette du pays, principalement la corruption et la mauvaise qualité des services publics. Dans le meilleur des cas, elle est peu excitée à l’approche des jeux.
Le magazine France Football du 28
janvier 2014 (n°3537) en faisait déjà sa une : « Brésil, peur sur le
mondial ». Et le sujet est sérieux : en sous-titre, le magazine
disait déjà : « à la date butoir du 31 décembre 2013 fixée par la
Fifa, seuls 6 stades sur douze avaient été livrés ». La première page a
largement été reprise dans les médias sociaux brésiliens, très souvent avec des
propos plus qu’exagérés.
Le magazine énonçait, entre
autres, que :
Le Brésil est le pays qui a eu le
plus de temps pour se préparer (7 ans) mais c’est celui qui cumule le plus de
retards, courant le risque d’avoir des infrastructures livrées sans période d’adaptation.
Le pays a investi 11 milliards d’euros dans la rénovation ou la construction de
12 stades, alors qu’à peine 13 l’étaient dans l’éducation (ici,
l’analphabétisme est bel et bien répandu). Les 12 stades ont été financés
presque totalement par l’Etat, alors qu’ils devaient l’être avec des fonds
privés. La Fifa avait demandé entre 8 et 10 stades pour répondre aux critères
imposés, le Brésil en aura finalement 12, sachant que certains deviendront
inévitablement, des éléphants blancs, car sans club résident.
Pendant ce temps, le projet de
TGV entre São Paulo et Rio de Janeiro est resté dans les cartons. Les rues,
couloirs et lignes de bus, et aéroports sont encore en travaux. Les vols
internes ont vu leur prix flamber (8 fois plus chers pendant la Coupe).
L’argent public a, sans vergogne, allègrement été attribué aux entreprises du
bâtiment chargées des constructions et/ou rénovations des infrastructures liées
à la Coupe (parfois au travers d’appels d’offres bidon), laissant à l’inverse
toujours plus les hôpitaux publics s’effondrer, des patients mourir dans les
couloirs faute de d’équipements nécessaires ou de médicaments de base, laissant
aussi des écoles publiques sans chaises et sans instituteurs, laissant encore
des routes endommagées de trous béants, ou un système de transport public
obsolète et inadapté.
De manière générale, la
population grogne contre les pesanteurs politiques, la corruption et l’impunité
des politiques, la flambée des prix, la mauvaise qualité des services publics.
Mais surtout contre la pauvreté de la population d’un côté et l’opulence des
stades financés sur fonds publics d’un autre. La population brésilienne veut un
réseau routier sûr, des transports publics efficaces et confortables, une
sécurité publique raisonnable, des hôpitaux équipés dignement et des écoles de
bonne qualité. Ces revendications ne proviennent pas d’une partie de la
population, elles émanent bel et bien de la totalité du peuple. Et c’est bien
légitime.
Une autre absurdité du système rendrait
plus d’un Français fou : celle qui permet aux entreprises du BTP d’augmenter
leurs prix en cas de retard (ce ne serait pas l’inverse qu’il faudrait plutôt
faire ?), ce qui a largement permis de petits arrangements entre
gouvernants.
Mauricio Murad, sociologue
brésilien, disait dans cet article de France Football que nous aurons un beau spectacle
sur le plan du sport, mais des complications d’un point de vue social et
général.
Personnellement, je suis
entièrement d’accord, car le peuple brésilien, de par son hospitalité et sa
joie de vivre, saura recevoir les touristes comme il se doit et faire de la
Coupe du monde de foot une fête gigantesque visible du monde entier. Mais en
parallèle, le pays sera remué intérieurement par des mouvements de foule, y
compris de fonctionnaires de services publics : ici, tout le monde le
sait, et certains appréhendent déjà. A tel point qu’il a été question au
travers d’un projet de loi de punir pénalement tout manifestant durant la
Coupe… Un bel exemple de l’état d’esprit des hommes politiques d’ici… Ou de ce
qu’il reste de la dictature…
Cette Coupe 2014 au Brésil sera
la plus chère de l’histoire, et elle aura coûté 10 fois plus que prévu…
Source : magazine France Football
du 28 janvier 2014 (n°3537). Photos :
archives personnelles.
Merci à Vagner, pour la relecture
du texte en portugais !
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Na véspera da Copa
do mundo de futebol, o que está acontecendo aqui? Ou por que vou torcer pro
Brasil...
Poderiamos pensar que o país inteiro está em
efervescência e que todo o mundo está pronto, esperando os 600 000
turistas gringos que devem supostamente chegar para assistir aos jogos nos 12
estádios construídos ou renovados para tanto. Mas como que é na realidade?
Na realidade, visto daqui, as coisas são bem
diferentes. Frente a todo dinheiro gasto na organização do Mundial, a população
brasileira se revolta contra a outra faceta do país, principalmente a corrupção
e a má qualidade dos serviços públicos. No melhor dos casos, ela está pouco
empolgada com os jogos chegando.
A revista France Football do 28 de janeiro de
2014 (n°3537) já tinha a manchete: “Brasil, medo sobre o mundial”. E o assunto
está sério: em subtítulo, a revista já falava: “no prazo do 31 de dezembro de
2013 fixado pela FIFA, só 6 estádios dos 12 foram entregues”. Essa manchete foi
muito acessada nas redes sociais brasileiras,
muitas vezes com conteúdo bem exagerado.
A revista enunciava, entre outras coisas, que:
O Brasil é o país que teve mais tempo para se
preparar (7 anos) mas é aquele que acumula mais atrasos, correndo o risco de
ter infra-estruturas entregues sem período de adaptação. O país investiu 11
bilhões de euros na renovação ou na construção de 12 estádios, enquanto só 13
bilhões foram investidos na educação (aqui, anafabetismo é realmente difundido).
Os 12 estádios foram quase totalmente financiados pelo Estado, enquanto
deveriam ser financiados com dinheiro privado. A Fifa tinha exigido entre 8 e
10 estádios para atender aos critérios impostos, o Brasil terá finalmente 12
estádios, sabendo que alguns, sem time local, tornarão-se inevitávelmente
fantasmas.
Enquanto isso, o projeto de trem-bala entre São
Paulo e o Rio de Janeiro ficou nas gavetas. As ruas, os corredores de ônibus, e
os aeroportos ainda estão em reforma. Os preços dos vôos internos subiram sem
limite (8 vezes mais caros durante a Copa). O dinheiro público foi, sem
vergonha nenhuma, atribuido a construtoras encarregadas pela construção e/ou
pela renovação das intra-estruturas ligadas à Copa (as vezes através de licitações
falsas), deixando ao contrário cada vez mais hospitais públicos abandonados,
pacientes morendo nos corredores na falta de equipamentos necessários ou de
medicamentos básicos, deixando também escolas públicas sem cadeiras e sem
professores, deixando também estradas esburacadas, ou um sistema de transporte
público obsoleta e inadaptado.
De maneira geral, a população reclama da
lentidão política, da corrupção e da impunidade dos políticos, da subida dos
preços, da má qualidade dos serviços públicos. Mas ainda mais contra a pobreza
da população de um lado, e a exuberância dos estádios financiados com dinheiro
público do outro lado. A população brasileira sonha com estradas seguras,
transportes públicos eficientes e confortáveis, segurança pública razoável,
hospitais equipados dignamente e escolas de boa qualidade. Essas reivindicações
não provêm de uma parte da população, elas emanam realmente da totalidade do
povo. E isso é muito legítimo.
Um outro absurdo do sistema deixaria mais de um
Francês louco: aquela que permite as construtoras de aumentar os seus preços em
caso de atraso da obra (não era para fazer o contrário?), o que permetiu
amplamente pequenos acordos entre chefes.
Mauricio Murad, sociólogo brasileiro, dizia
nesse artigo da revista France Football que teriamos um lindo espetáculo em
termos de esporte, mas também complicações no aspecto social e geral.
Pessoalmente, concordo plenamente com isso,
porque o povo brasileiro, com seu jeito acolhedor e sua felicidade, saberá
receber os turistas e fazer da Copa uma festa gigantesca visível no mundo
inteiro. Mas em paralelo, o país será abalado com movimentos sociais, incluso
de funcionários públicos: aqui, todo mundo sabe disso, e alguns já temem. Tanto
que foi questão através de um projeto de lei de sancionar legalmente
manifestante durante a Copa... Um bom exemplo da mente dos políticos daqui...
Ou do que sobrou da ditadura...
Essa Copa 2014 no Brasil será a mais cara da
história, e ela custou 10 vezes mais do que foi previsto...
Fonte: revista France Football do 28 de janeiro
de 2014 (n°3537). Fotos: arquivos pessoais.
Obrigada Vagner, pela releitura do texto em
português!
Seu blog é ótimo! Muito bom ver o Brasil pelos olhos de um estrangeiro. Beijos! Giovanni.
RépondreSupprimerObrigada Giovanni pelo seu comentario! Sente-se a vontade de comentar, criticar e dar suas idéias de posts futuros. Abraço! Marcia
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