mercredi 11 juin 2014

A la veille de la Coupe du monde de football, que se passe-t-il ici ? Ou pourquoi je vais supporter le Brésil…

On pourrait penser que le pays entier est en effervescence et que tout le monde est sur le pied de guerre, attendant les 600 000 touristes étrangers censés débarquer pour assister aux matchs dans les 12 stades construits ou rénovés à cet effet. Mais qu’en est-il dans la réalité ?

A la maison, on a choisi notre camp...

Le compteur géant de Belo Horizonte, Praça da Liberdade,
la veille du lancement de la Coupe.

Dans la réalité, vu d’ici, les choses sont bien différentes… Face à des sommes colossales d’argent englouties dans l’organisation du Mondial, la population brésilienne se révolte contre l’autre facette du pays, principalement la corruption et la mauvaise qualité des services publics. Dans le meilleur des cas, elle est peu excitée à l’approche des jeux.

Le magazine France Football du 28 janvier 2014 (n°3537) en faisait déjà sa une : « Brésil, peur sur le mondial ». Et le sujet est sérieux : en sous-titre, le magazine disait déjà : « à la date butoir du 31 décembre 2013 fixée par la Fifa, seuls 6 stades sur douze avaient été livrés ». La première page a largement été reprise dans les médias sociaux brésiliens, très souvent avec des propos plus qu’exagérés.

Le magazine énonçait, entre autres, que :

Le Brésil est le pays qui a eu le plus de temps pour se préparer (7 ans) mais c’est celui qui cumule le plus de retards, courant le risque d’avoir des infrastructures livrées sans période d’adaptation. Le pays a investi 11 milliards d’euros dans la rénovation ou la construction de 12 stades, alors qu’à peine 13 l’étaient dans l’éducation (ici, l’analphabétisme est bel et bien répandu). Les 12 stades ont été financés presque totalement par l’Etat, alors qu’ils devaient l’être avec des fonds privés. La Fifa avait demandé entre 8 et 10 stades pour répondre aux critères imposés, le Brésil en aura finalement 12, sachant que certains deviendront inévitablement, des éléphants blancs, car sans club résident.

Pendant ce temps, le projet de TGV entre São Paulo et Rio de Janeiro est resté dans les cartons. Les rues, couloirs et lignes de bus, et aéroports sont encore en travaux. Les vols internes ont vu leur prix flamber (8 fois plus chers pendant la Coupe). L’argent public a, sans vergogne, allègrement été attribué aux entreprises du bâtiment chargées des constructions et/ou rénovations des infrastructures liées à la Coupe (parfois au travers d’appels d’offres bidon), laissant à l’inverse toujours plus les hôpitaux publics s’effondrer, des patients mourir dans les couloirs faute de d’équipements nécessaires ou de médicaments de base, laissant aussi des écoles publiques sans chaises et sans instituteurs, laissant encore des routes endommagées de trous béants, ou un système de transport public obsolète et inadapté.

De manière générale, la population grogne contre les pesanteurs politiques, la corruption et l’impunité des politiques, la flambée des prix, la mauvaise qualité des services publics. Mais surtout contre la pauvreté de la population d’un côté et l’opulence des stades financés sur fonds publics d’un autre. La population brésilienne veut un réseau routier sûr, des transports publics efficaces et confortables, une sécurité publique raisonnable, des hôpitaux équipés dignement et des écoles de bonne qualité. Ces revendications ne proviennent pas d’une partie de la population, elles émanent bel et bien de la totalité du peuple. Et c’est bien légitime.

Une autre absurdité du système rendrait plus d’un Français fou : celle qui permet aux entreprises du BTP d’augmenter leurs prix en cas de retard (ce ne serait pas l’inverse qu’il faudrait plutôt faire ?), ce qui a largement permis de petits arrangements entre gouvernants.

Mauricio Murad, sociologue brésilien, disait dans cet article de France Football que nous aurons un beau spectacle sur le plan du sport, mais des complications d’un point de vue social et général.

Personnellement, je suis entièrement d’accord, car le peuple brésilien, de par son hospitalité et sa joie de vivre, saura recevoir les touristes comme il se doit et faire de la Coupe du monde de foot une fête gigantesque visible du monde entier. Mais en parallèle, le pays sera remué intérieurement par des mouvements de foule, y compris de fonctionnaires de services publics : ici, tout le monde le sait, et certains appréhendent déjà. A tel point qu’il a été question au travers d’un projet de loi de punir pénalement tout manifestant durant la Coupe… Un bel exemple de l’état d’esprit des hommes politiques d’ici… Ou de ce qu’il reste de la dictature…

Cette Coupe 2014 au Brésil sera la plus chère de l’histoire, et elle aura coûté 10 fois plus que prévu…

Source : magazine France Football du 28 janvier 2014 (n°3537). Photos : archives personnelles.


Merci à Vagner, pour la relecture du texte en portugais !

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Na véspera da Copa do mundo de futebol, o que está acontecendo aqui? Ou por que vou torcer pro Brasil...

Poderiamos pensar que o país inteiro está em efervescência e que todo o mundo está pronto, esperando os 600 000 turistas gringos que devem supostamente chegar para assistir aos jogos nos 12 estádios construídos ou renovados para tanto. Mas como que é na realidade?

Na realidade, visto daqui, as coisas são bem diferentes. Frente a todo dinheiro gasto na organização do Mundial, a população brasileira se revolta contra a outra faceta do país, principalmente a corrupção e a má qualidade dos serviços públicos. No melhor dos casos, ela está pouco empolgada com os jogos chegando.

A revista France Football do 28 de janeiro de 2014 (n°3537) já tinha a manchete: “Brasil, medo sobre o mundial”. E o assunto está sério: em subtítulo, a revista já falava: “no prazo do 31 de dezembro de 2013 fixado pela FIFA, só 6 estádios dos 12 foram entregues”. Essa manchete foi muito acessada  nas redes sociais brasileiras, muitas vezes com conteúdo bem exagerado.

A revista enunciava, entre outras coisas, que:

O Brasil é o país que teve mais tempo para se preparar (7 anos) mas é aquele que acumula mais atrasos, correndo o risco de ter infra-estruturas entregues sem período de adaptação. O país investiu 11 bilhões de euros na renovação ou na construção de 12 estádios, enquanto só 13 bilhões foram investidos na educação (aqui, anafabetismo é realmente difundido). Os 12 estádios foram quase totalmente financiados pelo Estado, enquanto deveriam ser financiados com dinheiro privado. A Fifa tinha exigido entre 8 e 10 estádios para atender aos critérios impostos, o Brasil terá finalmente 12 estádios, sabendo que alguns, sem time local, tornarão-se inevitávelmente fantasmas.

Enquanto isso, o projeto de trem-bala entre São Paulo e o Rio de Janeiro ficou nas gavetas. As ruas, os corredores de ônibus, e os aeroportos ainda estão em reforma. Os preços dos vôos internos subiram sem limite (8 vezes mais caros durante a Copa). O dinheiro público foi, sem vergonha nenhuma, atribuido a construtoras encarregadas pela construção e/ou pela renovação das intra-estruturas ligadas à Copa (as vezes através de licitações falsas), deixando ao contrário cada vez mais hospitais públicos abandonados, pacientes morendo nos corredores na falta de equipamentos necessários ou de medicamentos básicos, deixando também escolas públicas sem cadeiras e sem professores, deixando também estradas esburacadas, ou um sistema de transporte público obsoleta e inadaptado.

De maneira geral, a população reclama da lentidão política, da corrupção e da impunidade dos políticos, da subida dos preços, da má qualidade dos serviços públicos. Mas ainda mais contra a pobreza da população de um lado, e a exuberância dos estádios financiados com dinheiro público do outro lado. A população brasileira sonha com estradas seguras, transportes públicos eficientes e confortáveis, segurança pública razoável, hospitais equipados dignamente e escolas de boa qualidade. Essas reivindicações não provêm de uma parte da população, elas emanam realmente da totalidade do povo. E isso é muito legítimo. 

Um outro absurdo do sistema deixaria mais de um Francês louco: aquela que permite as construtoras de aumentar os seus preços em caso de atraso da obra (não era para fazer o contrário?), o que permetiu amplamente pequenos acordos entre chefes.

Mauricio Murad, sociólogo brasileiro, dizia nesse artigo da revista France Football que teriamos um lindo espetáculo em termos de esporte, mas também complicações no aspecto social e geral.

Pessoalmente, concordo plenamente com isso, porque o povo brasileiro, com seu jeito acolhedor e sua felicidade, saberá receber os turistas e fazer da Copa uma festa gigantesca visível no mundo inteiro. Mas em paralelo, o país será abalado com movimentos sociais, incluso de funcionários públicos: aqui, todo mundo sabe disso, e alguns já temem. Tanto que foi questão através de um projeto de lei de sancionar legalmente manifestante durante a Copa... Um bom exemplo da mente dos políticos daqui... Ou do que sobrou da ditadura...

Essa Copa 2014 no Brasil será a mais cara da história, e ela custou 10 vezes mais do que foi previsto...

Fonte: revista France Football do 28 de janeiro de 2014 (n°3537). Fotos: arquivos pessoais.

Obrigada Vagner, pela releitura do texto em português!


2 commentaires:

  1. Seu blog é ótimo! Muito bom ver o Brasil pelos olhos de um estrangeiro. Beijos! Giovanni.

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  2. Obrigada Giovanni pelo seu comentario! Sente-se a vontade de comentar, criticar e dar suas idéias de posts futuros. Abraço! Marcia

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