mardi 29 mars 2016

Les relations amoureuses avec les Français(es) - Partie 1

Voilà un sujet qui fait tellement partie de la culture et des codes sociaux qu'il n'est pas simple de l'aborder. Mais c'est justement de par son aspect culturel que je pense depuis longtemps à en parler dans ce blog. Sans compter qu'il n'y a rien de plus fun comme sujet !
Alors, je vais sans doute généraliser le comportement amoureux des Français, mais c'est au final pour en tisser une toile de fond pour mes amis brésiliens.

Nous, Français et Françaises, sommes éduqués dès notre jeune âge à être autonomes sur divers aspects. Pas seulement sur l'aspect affectif d'ailleurs. Déjà pour les plus petits, notre société valorise ce que nous pouvons faire tôt sans dépendre de personne : tenir sa cuillère seul, manger sans attendre que papa ou maman nous mette quelque chose dans la bouche, mettre ses chaussures comme un grand, connaître le chemin pour aller à l'école. Plus tard : ce sera acquérir son autonomie financière, matérielle, morale, idéologique. Et cela vaut pour les femmes comme pour les hommes.

Encore étudiants, nous sommes incités par nos deux parents à chercher notre indépendance, et la liberté qui en découle : gérer son appartement ou sa petite chambre d'étudiant, et payer ses propres factures est valorisé, même si pour cela nous devons faire quelques jobs d'étudiants mal payés, compter sur une bourse d'études ou sur quelques gâteaux faits maison fourrés discrètement dans notre sac par maman. Pour nous, habiter chez ses parents alors que nous sommes déjà rentrés dans la vie professionnelle est mal vu par la société, encore plus après avoir fêté ses 25 ans, et cela vaut pour les filles comme pour les garçons.   

Pour ces raisons, étant adulte, l'autonomie financière et matérielle est un fait normal, tant pour les hommes que pour les femmes. Et cela se ressent logiquement dans les relations de couple. Au sein de la société française, en particulier auprès de la génération née à partir des années 1970, la femme n'a aucun problème avec son indépendance, et comme pour son partenaire masculin, elle est valorisée. Aucun homme ne verra dans l'indépendance de sa partenaire un manque de féminité, ou ne se sentira menacé dans sa masculinité. Les conjoints se voient souvent comme des compagnons sur un même pied d'égalité, sans que l'un ne soit, ou ne se sente inférieur ou supérieur. D'où notre base de réciprocité : de la même manière qu'une femme ne veut être dépendante de personne, elle ne veut pas qu'un homme dépende d'elle.

Petit déjeuner romantique d'un couple français à Paris

Tout cela a clairement un impact sur la rencontre. En France, l'homme comme la femme peuvent faire le premier pas. Rien de choquant si la femme démontre clairement ses intentions face à un prétendant, ni si elle prend l'initiative d'embrasser celui sur lequel elle a jeté son dévolu. Si moi-même j'avais attendu l'initiative de mon premier petit ami par exemple, j'aurais pris racine... Les premiers baisers ont lieu en général dans un lieu complètement privé et discret, il est très rare en France de voir un couple s'embrasser pour la première fois en public. L'avancée de la relation peut être qualifiée d'assez progressive et les premiers contacts physiques restent au niveau du privé, alors qu'au Brésil le contact se fait directement par le toucher et en public. En France, un homme ou un groupe d'hommes ne se sentent pas dans l'obligation de draguer une femme seule, de par le simple besoin de se sentir homme. Par contre, si l'un exprime son désintérêt, l'autre n'insistera pas.

En France, la phase de la drague peut prendre un peu de temps ! Chez nous, pas vraiment de bisou-bisou avant un bon dîner, un bon verre de vin, et une bonne conversation pour se trouver des points communs et se connaître un minimum. Ce qui implique de se revoir à un autre moment et dans un autre cadre que celui de la première rencontre. Pour nous, rien de plus normal que de partager l'addition au restaurant, rien de choquant non plus si c'est Madame qui invite, surtout chez les jeunes générations. Les échanges verbaux sont plus valorisés que de gros biceps ou une belle voiture. Après tout, pour nous, le principal organe sexuel est tout en haut du corps, dans la tête... c'est le cerveau !

Il est intéressant de noter que les rencontres se font de nos jours de plus en plus par le biais d'internet et de sites spécialisés, pour diverses raisons : vaincre sa timidité ou la peur du râteau par écrans interposés, pallier les effets de la vie isolée des zones rurales ou de la vie coûteuse et mouvementée des grandes villes, chercher son/sa partenaire sans en avoir l'air et en gagnant du temps, être en contact avec plusieurs personnes en même temps.

La suite de ce post dans "Les relations amoureuses avec les Français(es) - Partie 2".

Merci à Tamires pour la relecture du portugais !

Merci aussi à Lucie, Lucinea et Erwan pour leurs retours d'expériences franco-brésiliennes !

Photo : merci à Lucie pour la photo du petit déjeuner en amoureux. 

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Namorar um francês/uma francesa - Parte 1

Eis um assunto que faz tanto parte da cultura e dos códigos sociais, que não é moleza abordá-lo. É justamente por esse aspecto cultural que penso em tratá-lo há muito tempo neste blog. Não há assunto mais divertido!
Então, eu vou, sem dúvida, generalizar o comportamento amoroso dos franceses, mas é com o objetivo de extrair um pano de fundo para nossos amigos brasileiros.

Nós, franceses e francesas, somos educados desde nossa tenra infância para sermos autônomos em diversos aspectos. Aliás, não somente no âmbito afetivo. Para os baixinhos, nossa sociedade valoriza o que já podemos fazer cedo, sem depender de ninguém: segurar a colher sozinhos, comer sem esperar que o papai ou a mamãe nos coloque alguma coisa na boca, por os sapatos como gente grande, saber o caminho até a escola. Mais tarde, será questão de adquirir autonomia financeira, material, moral e ideológica. Isso vale tanto para mulheres como para homens. 

Ainda estudantes, somos convidados por nossos pais a buscar a independência e a liberdade que resulta dela: cuidar do nosso apartamento ou do nosso quartinho de estudante e pagar nossas próprias contas é algo valorizado, mesmo se, para isso, tivermos que ter uns empregos estudantis mal pagos, contar com uma bolsa de estudos ou com alguns biscoitos caseiros enfiados na bolsa, discretamente, pela mamãe. Para nós, morar na casa dos pais enquanto já entramos no mercado de trabalho é algo mal visto pela sociedade, ainda mais depois dos 25 anos, e isso vale tanto para as meninas quanto para os meninos.

Por isso, quando se é adulto, a autonomia financeira e material é uma etapa normal para ambos os sexos. Os efeitos disso são sentidos, logicamente, entre os casais. Na sociedade francesa e, particularmente, na geração nascida a partir da década de 70, a mulher não tem nenhum problema com sua independência e, de forma semelhante ao seu parceiro masculino, é valorizada por isso. Nenhum homem perceberá, na independência da parceira, uma falta de feminilidade, nem se sentirá ameaçado quanto à sua masculinidade. Os cônjuges percebem-se como parceiros sob pé de igualdade, sem que um seja ou se sinta inferior ou superior. Aqui nasce nossa base de reciprocidade: da mesma forma que uma mulher não quer depender de ninguém, ela não quer que um homem dependa dela. 
  
Isso tudo tem, claramente, um impacto sobre o primeiro encontro. Na França, tanto os homens como as mulheres podem dar o primeiro passo. Não há nada de chocante no fato de a mulher demonstrar claramente suas intenções frente a um pretendente, nem se ela tomar iniciativa de beijar a pessoa por quem ela se interessa. Por exemplo, se eu tivesse esperado a iniciativa do meu primeiro namorado, estaria esperando até hoje... Os primeiros beijos acontecem, em geral, num lugar completamente privado e discreto. É raro, na França, ver um casal se beijar de primeira em público. O avanço da relação pode ser visto como bastante progressivo e os primeiros contatos físicos ficam em nível privado. Enquanto isso, no Brasil, o toque é diretamente realizado em público. Na França, um homem (sozinho ou em um grupo) não se sente obrigado a paquerar uma mulher sozinha pelo simples fato de se “sentir homem” fazendo isso. Em compensação, se um deles expressa desinteresse, o outro não insistirá.      

Na França, a fase da paquera pode demorar um pouco! Para nós, nada de beijo antes de um bom jantar, uma boa taça de vinho e uma boa conversa para achar pontos em comum e nos conhecermos minimamente. Isso implica nos vermos de novo, em outro momento e em outro lugar, além do primeiro encontro. Para nós, não há nada mais normal que dividir a conta no restaurante, nem nada de chocante, tampouco, se é ela quem decide pagar, sobretudo nas novas gerações. As conversas são mais valorizadas que os braços musculosos ou um belo carro. Para dizer a verdade, para nós, o principal órgão sexual está lá em cima do corpo, na cabeça... é o cérebro!  

É interessante notar que os primeiros encontros, hoje, acontecem frequentemente pela internet e por sites especializados, por vários motivos: vencer a timidez ou o medo de ser rejeitado, graças às telas interpostas; amenizar os efeitos da vida isolada nas regiões rurais ou da vida cara e movimentada nas grandes metrópoles; buscar o parceiro sem precisar se expor e ganhando tempo; estar em contato com várias pessoas ao mesmo tempo.    

Continuação deste post em "Namorar um francês/uma francesa - Parte 2".

Obrigada à Tamires pela revisão do português!
Obrigada também a Lucie, Lucinea e Erwan pelo feedback de experiências franco-brasileiras de vocês!

 Foto: obrigada à Lucie pela foto do café da manhã romântico. 

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