Voilà un sujet qui fait tellement
partie de la culture et des codes sociaux qu'il n'est pas simple de l'aborder.
Mais c'est justement de par son aspect culturel que je pense depuis longtemps à
en parler dans ce blog. Sans compter qu'il n'y a rien de plus fun comme sujet
!
Alors, je vais sans doute
généraliser le comportement amoureux des Français, mais c'est au final pour en
tisser une toile de fond pour mes amis brésiliens.
Nous, Français et Françaises,
sommes éduqués dès notre jeune âge à être autonomes sur divers aspects. Pas
seulement sur l'aspect affectif d'ailleurs. Déjà pour les plus petits, notre
société valorise ce que nous pouvons faire tôt sans dépendre de personne :
tenir sa cuillère seul, manger sans attendre que papa ou maman nous mette quelque
chose dans la bouche, mettre ses chaussures comme un grand, connaître le chemin
pour aller à l'école. Plus tard : ce sera acquérir son autonomie financière,
matérielle, morale, idéologique. Et cela vaut pour les femmes comme pour les
hommes.
Encore étudiants, nous sommes
incités par nos deux parents à chercher notre indépendance, et la liberté qui
en découle : gérer son appartement ou sa petite chambre d'étudiant, et payer
ses propres factures est valorisé, même si pour cela nous devons faire quelques
jobs d'étudiants mal payés, compter sur une bourse d'études ou sur quelques
gâteaux faits maison fourrés discrètement dans notre sac par maman. Pour nous,
habiter chez ses parents alors que nous sommes déjà rentrés dans la vie
professionnelle est mal vu par la société, encore plus après avoir fêté ses 25
ans, et cela vaut pour les filles comme pour les garçons.
Pour ces raisons, étant adulte,
l'autonomie financière et matérielle est un fait normal, tant pour les hommes
que pour les femmes. Et cela se ressent logiquement dans les relations de
couple. Au sein de la société française, en particulier auprès de la génération
née à partir des années 1970, la femme n'a aucun problème avec son
indépendance, et comme pour son partenaire masculin, elle est valorisée. Aucun
homme ne verra dans l'indépendance de sa partenaire un manque de féminité, ou
ne se sentira menacé dans sa masculinité. Les conjoints se voient souvent comme
des compagnons sur un même pied d'égalité, sans que l'un ne soit, ou ne se
sente inférieur ou supérieur. D'où notre base de réciprocité : de la même
manière qu'une femme ne veut être dépendante de personne, elle ne veut pas
qu'un homme dépende d'elle.
Petit déjeuner romantique d'un couple français à Paris |
Tout cela a clairement un impact
sur la rencontre. En France, l'homme comme la femme peuvent faire le premier
pas. Rien de choquant si la femme démontre clairement ses intentions face à un
prétendant, ni si elle prend l'initiative d'embrasser celui sur lequel elle a
jeté son dévolu. Si moi-même j'avais attendu l'initiative de mon premier petit ami
par exemple, j'aurais pris racine... Les premiers baisers ont lieu en général
dans un lieu complètement privé et discret, il est très rare en France de voir
un couple s'embrasser pour la première fois en public. L'avancée de la relation
peut être qualifiée d'assez progressive et les premiers contacts physiques
restent au niveau du privé, alors qu'au Brésil le contact se fait directement
par le toucher et en public. En France, un homme ou un groupe d'hommes ne se
sentent pas dans l'obligation de draguer une femme seule, de par le simple
besoin de se sentir homme. Par contre, si l'un exprime son désintérêt, l'autre
n'insistera pas.
En France, la phase de la drague
peut prendre un peu de temps ! Chez nous, pas vraiment de bisou-bisou avant un
bon dîner, un bon verre de vin, et une bonne conversation pour se trouver des
points communs et se connaître un minimum. Ce qui implique de se revoir à un
autre moment et dans un autre cadre que celui de la première rencontre. Pour
nous, rien de plus normal que de partager l'addition au restaurant, rien de
choquant non plus si c'est Madame qui invite, surtout chez les jeunes
générations. Les échanges verbaux sont plus valorisés que de gros biceps ou une
belle voiture. Après tout, pour nous, le principal organe sexuel est tout en
haut du corps, dans la tête... c'est le cerveau !
Il est intéressant de noter que
les rencontres se font de nos jours de plus en plus par le biais d'internet et
de sites spécialisés, pour diverses raisons : vaincre sa timidité ou la peur du
râteau par écrans interposés, pallier les effets de la vie isolée des zones
rurales ou de la vie coûteuse et mouvementée des grandes villes, chercher
son/sa partenaire sans en avoir l'air et en gagnant du temps, être en contact
avec plusieurs personnes en même temps.
La suite de ce post dans "Les relations amoureuses avec
les Français(es) - Partie 2".
Merci à Tamires pour la relecture du portugais !
Merci aussi à Lucie, Lucinea et Erwan pour leurs retours
d'expériences franco-brésiliennes !
Photo : merci à Lucie pour la photo du petit déjeuner en amoureux.
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Namorar um francês/uma francesa - Parte 1
Eis um assunto que faz tanto parte
da cultura e dos códigos sociais, que não é moleza abordá-lo. É justamente por
esse aspecto cultural que penso em tratá-lo há muito tempo neste blog. Não há
assunto mais divertido!
Então, eu vou, sem dúvida,
generalizar o comportamento amoroso dos franceses, mas é com o objetivo de
extrair um pano de fundo para nossos amigos brasileiros.
Nós, franceses e francesas, somos
educados desde nossa tenra infância para sermos autônomos em diversos aspectos.
Aliás, não somente no âmbito afetivo. Para os baixinhos, nossa sociedade
valoriza o que já podemos fazer cedo, sem depender de ninguém: segurar a colher
sozinhos, comer sem esperar que o papai ou a mamãe nos coloque alguma coisa na
boca, por os sapatos como gente grande, saber o caminho até a escola. Mais
tarde, será questão de adquirir autonomia financeira, material, moral e
ideológica. Isso vale tanto para mulheres como para homens.
Ainda estudantes, somos convidados
por nossos pais a buscar a independência e a liberdade que resulta dela: cuidar
do nosso apartamento ou do nosso quartinho de estudante e pagar nossas próprias
contas é algo valorizado, mesmo se, para isso, tivermos que ter uns empregos
estudantis mal pagos, contar com uma bolsa de estudos ou com alguns biscoitos
caseiros enfiados na bolsa, discretamente, pela mamãe. Para nós, morar na casa
dos pais enquanto já entramos no mercado de trabalho é algo mal visto pela
sociedade, ainda mais depois dos 25 anos, e isso vale tanto para as meninas
quanto para os meninos.
Por isso, quando se é adulto, a
autonomia financeira e material é uma etapa normal para ambos os sexos. Os
efeitos disso são sentidos, logicamente, entre os casais. Na sociedade francesa
e, particularmente, na geração nascida a partir da década de 70, a mulher não
tem nenhum problema com sua independência e, de forma semelhante ao seu
parceiro masculino, é valorizada por isso. Nenhum homem perceberá, na
independência da parceira, uma falta de feminilidade, nem se sentirá ameaçado
quanto à sua masculinidade. Os cônjuges percebem-se como parceiros sob pé de
igualdade, sem que um seja ou se sinta inferior ou superior. Aqui nasce nossa
base de reciprocidade: da mesma forma que uma mulher não quer depender de
ninguém, ela não quer que um homem dependa dela.
Isso tudo tem, claramente, um
impacto sobre o primeiro encontro. Na França, tanto os homens como as mulheres
podem dar o primeiro passo. Não há nada de chocante no fato de a mulher
demonstrar claramente suas intenções frente a um pretendente, nem se ela tomar
iniciativa de beijar a pessoa por quem ela se interessa. Por exemplo, se eu
tivesse esperado a iniciativa do meu primeiro namorado, estaria esperando até
hoje... Os primeiros beijos acontecem, em geral, num lugar completamente
privado e discreto. É raro, na França, ver um casal se beijar de primeira em
público. O avanço da relação pode ser visto como bastante progressivo e os
primeiros contatos físicos ficam em nível privado. Enquanto isso, no Brasil, o
toque é diretamente realizado em público. Na França, um homem (sozinho ou em um
grupo) não se sente obrigado a paquerar uma mulher sozinha pelo simples fato de
se “sentir homem” fazendo isso. Em compensação, se um deles expressa
desinteresse, o outro não insistirá.
Na França, a fase da paquera pode
demorar um pouco! Para nós, nada de beijo antes de um bom jantar, uma boa taça
de vinho e uma boa conversa para achar pontos em comum e nos conhecermos
minimamente. Isso implica nos vermos de novo, em outro momento e em outro
lugar, além do primeiro encontro. Para nós, não há nada mais normal que dividir
a conta no restaurante, nem nada de chocante, tampouco, se é ela quem decide
pagar, sobretudo nas novas gerações. As conversas são mais valorizadas que os
braços musculosos ou um belo carro. Para dizer a verdade, para nós, o principal
órgão sexual está lá em cima do corpo, na cabeça... é o cérebro!
É interessante notar que os
primeiros encontros, hoje, acontecem frequentemente pela internet e por sites
especializados, por vários motivos: vencer a timidez ou o medo de ser
rejeitado, graças às telas interpostas; amenizar os efeitos da vida isolada nas
regiões rurais ou da vida cara e movimentada nas grandes metrópoles; buscar o
parceiro sem precisar se expor e ganhando tempo; estar em contato com várias
pessoas ao mesmo tempo.
Continuação deste post em
"Namorar um francês/uma francesa - Parte 2".
Obrigada à Tamires pela revisão do
português!
Obrigada também a Lucie, Lucinea e
Erwan pelo feedback de experiências franco-brasileiras de vocês!
Foto: obrigada à Lucie pela foto do café da manhã romântico.