Après les terribles événements du
13 novembre dernier à Paris qui nous replongent dans le cauchemar de Charlie
Hebdo et du supermarché cacher, mon attention se tourne une fois de plus vers
la sobriété des Français. Ils ont été nombreux à venir se recueillir avec
bougies, messages, et fleurs sur les lieux des attaques, malgré les
interdictions de rassemblements. Mon attention se tourne aussi vers la
solidarité des Français. Ils ont été nombreux à courir donner leur sang, au
point de surcharger les centres de collecte.
Chaque Français a été touché par
ces événements, au cœur de la capitale un vendredi soir. Chaque Parisien
connaît ces lieux, les a fréquentés. Ces attaques auraient pu toucher chacun d'entre
nous. Chaque Parisien connaissait depuis ces dernières années les alertes à la
bombes, les colis suspects, les évacuations de métro, et avait appris à les
ignorer. Jusqu'à ce sanguinaire 13 novembre 2015.
Hommage des Français et des habitants de Belo Horizonte/Brésil, sur la Place de la Liberté, 2 jours après les attentats de Paris. |
Aujourd'hui, presque 10 jours
après, l'enquête policière avance, mais ce temps d'enquête est sans aucun doute
supérieur au temps des médias et des réseaux sociaux. Notre société vit dans
l'immédiateté de l'information, ce qui suppose qu'elle peut être succincte ou
partielle, si le sujet est complexe ou long. Il est facile de se forger une
opinion chargée de préjugés, rapidement et bêtement, après avoir balayé les
gros titres, ou pire : ceux de la presse à scandales, des médias réactionnaires,
de journalistes orientés, ou des réseaux sociaux. Toi qui me lis, c'est
peut-être ton cas.
Rien ne vaut des informations
sérieuses, un article bien documenté, un travail de journaliste professionnel,
des sources d'information variées et même étrangères. Les montages amateurs de
vidéos, photos, données chiffrées, ou autres, qui circulent principalement sur
les réseaux sociaux sont à prendre avec beaucoup de précaution. Nous le savons
tous. Laissons les policiers, les
experts judiciaires et scientifiques faire leur travail.
En tombant dans l'amalgame
réfugié = musulman = terroriste, nous servons sur un plateau du pain béni au
Front National et à d'autres partis xénophobes et d'extrême-droite européens. Nous
stigmatisons ceux qui le sont déjà et qui paient déjà le plus lourd tribut :
les véritables réfugiés et les musulmans. Ceux qui fuient les mêmes extrémismes,
les mêmes idéologies fanatiques et religieuses que nous. Notre République
française et notre Europe se montrent faibles de vouloir revenir sur le droit
d'asile au motif qu'un malade mental puisse s'infiltrer parmi les réfugiés.
Le discours de la peur et de la
psychose est un classique pour faire monter les extrêmes. Ne donnons pas de
grain à moudre à ceux qui détournent la vérité. Dénoncer les attitudes
islamistes radicales de certains est une chose, mettre tous les musulmans dans
le même sac en est une autre. C'est comme dire que, comme il y a des
délinquants dans une favela, alors tous les habitants de la favela sont des
délinquants. Les musulmans d'aujourd'hui souffrent des événements actuels, et
rappelons-le, sont victimes comme d'autres d'extrémisme, que ce soit en Europe
ou au Moyen-Orient.
Dans le cas des attentats en
France, le sujet est complexe, et dépasse les limites géographiques de notre
pays. Face à de tels défis modernes, nous devons nous interroger, de manière
urgente, sur la véritable Europe que nous voulons (et pouvons) construire,
au-delà de la libre circulation des marchandises.
Nous devons aussi nous interroger
sur le profil et les motivations de ces jeunes Français, qui partent
s'entraîner en Syrie et reviennent se faire exploser en France avec pour seule
motivation un fanatisme religieux sans limites. Oublions la traditionnelle
tarte à la crème de la fracture sociale. Comment tout cela peut-il arriver dans
une République comme la nôtre qui leur a offert une scolarité gratuite et
laïque ?
On me demande souvent ici à Belo
Horizonte si je vais rentrer à Paris comme prévu, malgré les attentats. Je
réponds sans hésiter : bien sûr que oui, plus que jamais je serai aux terrasses
de café, au théâtre, dans la rue, je continuerai à aller manger les pâtisseries
arabes que j'aime tant, accompagnées
d'un verre de thé à la menthe au coeur de Paris. La vie continue.
France, garde la tête haute.
Continue à investir les rues, fais ton marché le dimanche matin, installe-toi
en terrasse et ouvre ton commerce. Ca aussi, c'est faire une déclaration.
NB : comme il n'existe pas de
classement des tragédies, je pense aussi à la catastrophe humaine et environnementale
qui touche actuellement la région de Minas Gerais, liée à la rupture de
barrages miniers. Comme la coulée de boue de résidus miniers qui ne s'arrête
pas, ne cessons pas d'apporter notre aide à ceux qui en ont besoin et de tout
faire pour que cela ne se reproduise pas. Opération "tous au bistrot" à Paris |
Photos : archives personnelles.
-----------------------------------
França, fique com
cabeça erguida
Depois dos terríveis acontecimentos do último
13 de novembro em Paris que nos relembram o pesadelo de Charlie Hebdo e do
supermercado kosher, minha atenção está voltada mais uma vez para a sobriedade
dos Franceses. Foram numerosos a se recolherem com velas, mensagens, e flores
nos locais dos ataques, apesar das interdições de agrupamento. Minha atenção
está voltada também para a solidariedade dos Franceses. Foram numerosos a
correr doar sangue, até sobrecarregar os centros de doação.
Esses acontecimentos mexeram com cada Francês,
no coração da capital uma sexta a noite. Cada Parisiense conhece esses lugares,
os frequentou. Esses ataques poderiam ter afetado cada um de nós. Cada
Parisiense conhecia há anos as ameaças de bomba, os pacotes suspeitos, as
evacuações de metrô, e tinha aprendido a ignorar isso tudo. Até esse
sanguinário 13 de novembro de 2015.
Hoje, quase 10 dias depois, as investigações
policiais seguem em frente, mas esse tempo de inquérito é sem dúvida superior
ao tempo das mídias e das redes sociais. Nossa sociedade vive na iminência da
informação, o que supõe que ela pode ser sucinta ou parcial, si o assunto for
complexo ou longo. É fácil formar uma opinião cheia de preconceitos, rapidamente
e estupidamente, depois ter lido as manchetes, ou pior: as dos tabloides, das mídias
reacionárias, de jornalistas orientados, ou das redes sociais. Você que está
lendo esse post, pode ser seu caso.
Nada vale informações sérias, artigo bem documentado,
trabalho de jornalista profissional, fontes de informação variadas e até estrangeiras.
As edições de vídeos amadores, as fotos, os dados numéricos, ou outros tipos de
informação que circulam nas redes sociais devem ser entendidos com muita
cautela. Nós todos sabemos. Deixem os policiais, os especialistas judiciários
e científicos trabalharem.
Caindo no preconceito refugiado = muçulmano =
terrorista, servimos um prato cheio para a Frente Nacional e para outros
partidos xenofóbicos e da extrema-direita europeia. Estigmatizamos quem já é, e
quem já paga o maior preço: os verdadeiros refugiados e os muçulmanos. Os que
fogem os mesmos extremismos, as mesmas ideologias fanáticas e religiosas que
nós. Nossa República francesa e nossa Europa são fracas de duvidar do direito
de asilo só porque um louco mental pode infiltrar-se no meio dos refugiados.
O discurso do medo e da psicose é clássico para
exaltar os extremos. Não podemos colocar água no moinho de quem deturpa a
verdade. Denunciar os comportamentos islâmicos radicais de alguns é uma coisa,
colocar todos os muçulmanos no mesmo saco de farinha é outra. É como afirmar
que como existem ladrões na favela, então todos os moradores da favela são
ladrões. Os muçulmanos de hoje sofrem dos acontecimentos atuais, e podemos
relembrar que são também vítimas de extremismo, que seja na Europa ou no Oriente
Médio.
No caso dos atentados na França, o assunto é
complexo, e ultrapassa os limites geográficos do nosso pais. Frente a esses
desafios modernos, temos que nos questionar, de maneira urgente, sobre a real
Europa que queremos (e podemos) construir, além da livre circulação de
mercadorias.
Temos também que nos questionar a respeito do
perfil e das motivações desses jovens franceses, que partem treinar na Síria e
voltam como homem-bomba para a França, dotados de um fanatismo religioso sem
limites como única motivação. Esquecem a tradicional fratura social francesa.
Como isso pode acontecer numa República igual a nossa que ofereceu para eles uma
escolaridade gratuita e laica?
Muita gente me pergunta aqui em Belo Horizonte
se vou voltar para França como previsto, apesar dos atentados. Eu respondo sem
vacilar: claro de sim, mais do que nunca estarei nas cafeterias, nos teatros,
nas ruas, continuarei comendo os doces árabes que gosto tanto, junto com um
copo de chá de hortelã no coração de Paris. A vida continua.
França, fique com cabeça erguida. Continue
investindo as ruas, indo nas feirinhas no domingo de manhã, frequentando cafés
e abrindo seu comércio. Isso também é fazer uma declaração.
NB: como não existe ranking nas tragédias,
penso também na catástrofe humana e ambiental que ocorreu recentemente na
região de Minas Gerais, depois do rompimento de barragens de mineradora. Como o
rio de lama de resíduos de mineiro que não para, não podemos deixar de ajudar quem
precisa e fazer de tudo para que isso não se repita.
Peço
desculpas pelos eventuais erros de português, pois não pedi releitura a ninguém
desse post.
Fotos: arquivos pessoais.
Aucun commentaire:
Enregistrer un commentaire