dimanche 22 novembre 2015

France, garde la tête haute

Après les terribles événements du 13 novembre dernier à Paris qui nous replongent dans le cauchemar de Charlie Hebdo et du supermarché cacher, mon attention se tourne une fois de plus vers la sobriété des Français. Ils ont été nombreux à venir se recueillir avec bougies, messages, et fleurs sur les lieux des attaques, malgré les interdictions de rassemblements. Mon attention se tourne aussi vers la solidarité des Français. Ils ont été nombreux à courir donner leur sang, au point de surcharger les centres de collecte.

Chaque Français a été touché par ces événements, au cœur de la capitale un vendredi soir. Chaque Parisien connaît ces lieux, les a fréquentés. Ces attaques auraient pu toucher chacun d'entre nous. Chaque Parisien connaissait depuis ces dernières années les alertes à la bombes, les colis suspects, les évacuations de métro, et avait appris à les ignorer. Jusqu'à ce sanguinaire 13 novembre 2015.

Hommage des Français et des habitants de Belo Horizonte/Brésil, sur la Place de la Liberté,
2 jours après les attentats de Paris. 



Aujourd'hui, presque 10 jours après, l'enquête policière avance, mais ce temps d'enquête est sans aucun doute supérieur au temps des médias et des réseaux sociaux. Notre société vit dans l'immédiateté de l'information, ce qui suppose qu'elle peut être succincte ou partielle, si le sujet est complexe ou long. Il est facile de se forger une opinion chargée de préjugés, rapidement et bêtement, après avoir balayé les gros titres, ou pire : ceux de la presse à scandales, des médias réactionnaires, de journalistes orientés, ou des réseaux sociaux. Toi qui me lis, c'est peut-être ton cas.

Rien ne vaut des informations sérieuses, un article bien documenté, un travail de journaliste professionnel, des sources d'information variées et même étrangères. Les montages amateurs de vidéos, photos, données chiffrées, ou autres, qui circulent principalement sur les réseaux sociaux sont à prendre avec beaucoup de précaution. Nous le savons tous. Laissons les policiers,  les experts judiciaires et scientifiques faire leur travail.

En tombant dans l'amalgame réfugié = musulman = terroriste, nous servons sur un plateau du pain béni au Front National et à d'autres partis xénophobes et d'extrême-droite européens. Nous stigmatisons ceux qui le sont déjà et qui paient déjà le plus lourd tribut : les véritables réfugiés et les musulmans. Ceux qui fuient les mêmes extrémismes, les mêmes idéologies fanatiques et religieuses que nous. Notre République française et notre Europe se montrent faibles de vouloir revenir sur le droit d'asile au motif qu'un malade mental puisse s'infiltrer parmi les réfugiés.

Le discours de la peur et de la psychose est un classique pour faire monter les extrêmes. Ne donnons pas de grain à moudre à ceux qui détournent la vérité. Dénoncer les attitudes islamistes radicales de certains est une chose, mettre tous les musulmans dans le même sac en est une autre. C'est comme dire que, comme il y a des délinquants dans une favela, alors tous les habitants de la favela sont des délinquants. Les musulmans d'aujourd'hui souffrent des événements actuels, et rappelons-le, sont victimes comme d'autres d'extrémisme, que ce soit en Europe ou au Moyen-Orient.   

Dans le cas des attentats en France, le sujet est complexe, et dépasse les limites géographiques de notre pays. Face à de tels défis modernes, nous devons nous interroger, de manière urgente, sur la véritable Europe que nous voulons (et pouvons) construire, au-delà de la libre circulation des marchandises.

Nous devons aussi nous interroger sur le profil et les motivations de ces jeunes Français, qui partent s'entraîner en Syrie et reviennent se faire exploser en France avec pour seule motivation un fanatisme religieux sans limites. Oublions la traditionnelle tarte à la crème de la fracture sociale. Comment tout cela peut-il arriver dans une République comme la nôtre qui leur a offert une scolarité gratuite et laïque ? 

On me demande souvent ici à Belo Horizonte si je vais rentrer à Paris comme prévu, malgré les attentats. Je réponds sans hésiter : bien sûr que oui, plus que jamais je serai aux terrasses de café, au théâtre, dans la rue, je continuerai à aller manger les pâtisseries arabes que j'aime tant,  accompagnées d'un verre de thé à la menthe au coeur de Paris. La vie continue.

France, garde la tête haute. Continue à investir les rues, fais ton marché le dimanche matin, installe-toi en terrasse et ouvre ton commerce. Ca aussi, c'est faire une déclaration.

Opération "tous au bistrot" à Paris

NB : comme il n'existe pas de classement des tragédies, je pense aussi à la catastrophe humaine et environnementale qui touche actuellement la région de Minas Gerais, liée à la rupture de barrages miniers. Comme la coulée de boue de résidus miniers qui ne s'arrête pas, ne cessons pas d'apporter notre aide à ceux qui en ont besoin et de tout faire pour que cela ne se reproduise pas.  

Photos : archives personnelles.

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França, fique com cabeça erguida

Depois dos terríveis acontecimentos do último 13 de novembro em Paris que nos relembram o pesadelo de Charlie Hebdo e do supermercado kosher, minha atenção está voltada mais uma vez para a sobriedade dos Franceses. Foram numerosos a se recolherem com velas, mensagens, e flores nos locais dos ataques, apesar das interdições de agrupamento. Minha atenção está voltada também para a solidariedade dos Franceses. Foram numerosos a correr doar sangue, até sobrecarregar os centros de doação.   

Esses acontecimentos mexeram com cada Francês, no coração da capital uma sexta a noite. Cada Parisiense conhece esses lugares, os frequentou. Esses ataques poderiam ter afetado cada um de nós. Cada Parisiense conhecia há anos as ameaças de bomba, os pacotes suspeitos, as evacuações de metrô, e tinha aprendido a ignorar isso tudo. Até esse sanguinário 13 de novembro de 2015.  

Hoje, quase 10 dias depois, as investigações policiais seguem em frente, mas esse tempo de inquérito é sem dúvida superior ao tempo das mídias e das redes sociais. Nossa sociedade vive na iminência da informação, o que supõe que ela pode ser sucinta ou parcial, si o assunto for complexo ou longo. É fácil formar uma opinião cheia de preconceitos, rapidamente e estupidamente, depois ter lido as manchetes, ou pior: as dos tabloides, das mídias reacionárias, de jornalistas orientados, ou das redes sociais. Você que está lendo esse post, pode ser seu caso.    

Nada vale informações sérias, artigo bem documentado, trabalho de jornalista profissional, fontes de informação variadas e até estrangeiras. As edições de vídeos amadores, as fotos, os dados numéricos, ou outros tipos de informação que circulam nas redes sociais devem ser entendidos com muita cautela. Nós todos sabemos. Deixem os policiais, os especialistas judiciários e científicos trabalharem.    

Caindo no preconceito refugiado = muçulmano = terrorista, servimos um prato cheio para a Frente Nacional e para outros partidos xenofóbicos e da extrema-direita europeia. Estigmatizamos quem já é, e quem já paga o maior preço: os verdadeiros refugiados e os muçulmanos. Os que fogem os mesmos extremismos, as mesmas ideologias fanáticas e religiosas que nós. Nossa República francesa e nossa Europa são fracas de duvidar do direito de asilo só porque um louco mental pode infiltrar-se no meio dos refugiados.    
   
O discurso do medo e da psicose é clássico para exaltar os extremos. Não podemos colocar água no moinho de quem deturpa a verdade. Denunciar os comportamentos islâmicos radicais de alguns é uma coisa, colocar todos os muçulmanos no mesmo saco de farinha é outra. É como afirmar que como existem ladrões na favela, então todos os moradores da favela são ladrões. Os muçulmanos de hoje sofrem dos acontecimentos atuais, e podemos relembrar que são também vítimas de extremismo, que seja na Europa ou no Oriente Médio.

No caso dos atentados na França, o assunto é complexo, e ultrapassa os limites geográficos do nosso pais. Frente a esses desafios modernos, temos que nos questionar, de maneira urgente, sobre a real Europa que queremos (e podemos) construir, além da livre circulação de mercadorias.

Temos também que nos questionar a respeito do perfil e das motivações desses jovens franceses, que partem treinar na Síria e voltam como homem-bomba para a França, dotados de um fanatismo religioso sem limites como única motivação. Esquecem a tradicional fratura social francesa. Como isso pode acontecer numa República igual a nossa que ofereceu para eles uma escolaridade gratuita e laica?

Muita gente me pergunta aqui em Belo Horizonte se vou voltar para França como previsto, apesar dos atentados. Eu respondo sem vacilar: claro de sim, mais do que nunca estarei nas cafeterias, nos teatros, nas ruas, continuarei comendo os doces árabes que gosto tanto, junto com um copo de chá dhortelã no coração de Paris. A vida continua.  

França, fique com cabeça erguida. Continue investindo as ruas, indo nas feirinhas no domingo de manhã, frequentando cafés e abrindo seu comércio. Isso também é fazer uma declaração.

NB: como não existe ranking nas tragédias, penso também na catástrofe humana e ambiental que ocorreu recentemente na região de Minas Gerais, depois do rompimento de barragens de mineradora. Como o rio de lama de resíduos de mineiro que não para, não podemos deixar de ajudar quem precisa e fazer de tudo para que isso não se repita.     

Peço desculpas pelos eventuais erros de português, pois não pedi releitura a ninguém desse post.


Fotos: arquivos pessoais.



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